Universidade Estadual de Alagoas - UNEAL - Campus I - Arapiraca/AL

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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Lêdo Ivo



Planta de Maceió


O vento do mar rói as casas e os homens.
Do nascimento à morte, os que moram aqui
andam sempre cobertos por leve mortalha
de mormaço e salsugem. Os dentes do mar
mordem, dia e noite, os que não procuram
esconder-se no ventre dos navios
e se deixam sugar por um sol de areia.
Penetrada nas pedras, a maresia
cresta o pêlo dos ratos perdulários
que, nos esgotos, ouvem o vômito escuro
do oceano esvaído em bolsões de mangue
e sonham os celeiros dos porões dos cargueiros.
Foi aqui que nasci, onde a luz do farol
cega a noite dos homens e desbota as corujas.
A ventania lambe as dragas podres,
entra pelas persianas das casas sufocadas
e escalavra as dunas mortuárias
onde os beiços dos mortos bebem o mar.
Mesmo os que se amam nesta terra de ódios
são sempre separados pela brisa
que semeia a insônia nas lacraias
e adultera a fretagem dos navios.
Este é o meu lugar, entranhado em meu sangue
como a lama no fundo da noite lacustre.
E por mais que me afaste, estarei sempre aqui
e serei este vento e a luz do farol,
e minha morte vive na cioba encurralada.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Poema 28 de Arriete Vilela

Obra poética reunida - De Arriete Vilela

PRESENÇA CONFIRMADA DA AUTORA NO LETRAS NO PALCO 2011. DIA 25/11/2011 NA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE ALAGOAS-UNEAL/CAMPUS I- ARAPIRACA

Macéió: Poligraf, 2009. 532 p.

POEMA N. 4

Preciso sempre

ir dentro de mim:

confiro-me.

E quando emerjo,

sou rochedo descobrindo-se

com a baixa da

maré.